O preço do clique: consumo impulsivo cresce no ambiente digital

Pesquisa mostra que 62% dos brasileiros admitem comprar sem planejamento e 4 em cada 10 gastam mais do que podem

Mais da metade dos consumidores brasileiros admite realizar compras não planejadas pela internet — um comportamento que está custando caro. Segundo uma nova pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, em parceria com a Offerwise, 62% dos entrevistados já cederam ao impulso das compras online e quatro em cada dez (40%) gastaram mais do que podiam. As consequências são sentidas diretamente no bolso: 35% contraíram dívidas ou atrasaram o pagamento de cartão de crédito e contas essenciais por causa desses gastos.

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis (CDL Petrópolis) vê os números como um alerta importante para este período que antecede a Black Friday e reforça a necessidade de consumo responsável. A pesquisa, realizada com consumidores acima de 18 anos que efetuaram compras online nos últimos 12 meses, mostra que entre os que admitem comprar por impulso, 10% fazem isso “quase sempre”, 15% “frequentemente” e 37% “às vezes”. Mesmo assim, 62% acreditam manter um comportamento equilibrado e apenas 15% reconhecem gastar mais do que deveriam.

Segundo o levantamento, os maiores estímulos são a atratividade das ofertas e a praticidade da compra. Promoções (54%), frete grátis (45%), lançamentos (25%), descontos com tempo limitado (22%) e avaliações positivas de outros consumidores (19%) lideram a lista de gatilhos. As categorias mais atingidas por decisões impulsivas são roupas, sapatos e acessórios (44%), seguidas por cosméticos e produtos de beleza (32%), comidas e bebidas por delivery (28%) e itens para casa, como decoração e utilidades (27%).

Para o presidente da CDL Petrópolis, Claudio Mohammad, o fenômeno é um reflexo da força e da velocidade do varejo digital. “A internet transformou a experiência de compra e tornou tudo muito acessível, rápido e sedutor. O problema é que o impulso pode comprometer o planejamento financeiro das famílias. Vemos consumidores que sentem o prazer imediato da compra, mas lidam depois com a pressão das contas”, afirma.

As consequências aparecem com clareza nos números: 40% já gastaram mais do que podiam em compras não planejadas e 35% contraíram dívidas ou atrasaram pagamentos. O cartão de crédito é o mais afetado, com 20% dos consumidores comprometendo a fatura, além de outras contas diversas (10%) e serviços como internet (6%). No campo emocional, 28% relatam satisfação, mas 15% se arrependem e outros 15% sentem medo de não conseguir pagar.

Quase metade dos entrevistados, 49%, reconhece os gatilhos emocionais que levam à compra, como comemorações, a necessidade de recompensa e o desejo de prazer ou pertencimento. Apesar disso, 72% afirmam já ter tentado reduzir as compras por impulso, sendo que 57% tiveram sucesso e 14% não conseguiram.

Claudio Mohammad reforça que o alerta é ainda mais importante às vésperas da Black Friday, quando o varejo concentra grande volume de ofertas e estratégias para acelerar decisões. “A Black Friday é uma oportunidade para encontrar bons preços, mas também é o terreno perfeito para o consumo impulsivo. O consumidor deve comparar, pesquisar e refletir antes de comprar. Promoção só vale a pena quando cabe no orçamento e não gera dívida. O melhor caminho é planejar, priorizar e nunca colocar em risco o pagamento das contas essenciais”, orienta o presidente.

Segundo a CDL Petrópolis, a conscientização é fundamental para evitar inadimplência e proteger o crédito. “O comércio vive de consumidores saudáveis financeiramente. Quando o cliente se endivida, todo o ciclo perde. Nossa recomendação para este fim de ano é simples: comprar pode ser prazeroso, desde que seja com responsabilidade”, aponta Cláudio Mohammad.

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