Índice de negativados melhora em abril, mas número de devedores é reincidente
CDL Petrópolis defende mudança de cenário em prol da qualidade de vida e economia
O Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas do SPC Brasil, uma pesquisa em conjunto com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) que acaba de ser divulgada, mostra que houve crescimento de 1,99% do total de endividados do país que conseguiram quitar seus débitos entre abril de 2023 e abril deste ano. Por outro lado, a pesquisa mostra que no mês passado, do total de negativações, 84,52% foram de devedores reincidentes, isto é, que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis, que faz parte da CNDL, vê com preocupação a reincidência da inadimplência e a redução de negativados de forma lenta no país.
“São dois pontos cruciais em uma análise socioeconômica e cultural da população. A pessoa quer pagar suas dívidas e recuperar o crédito e se esforça para isso negociando, parcelando e seguindo esse compromisso, mas por outro lado, com alta de preços de itens básicos, principalmente alimentação e remédios, acaba deixando essas contas em atraso ou mesmo não sendo negativado, atrasando pagamentos de bens duráveis. O país teve uma importante melhoria no mercado de trabalho, nos juros e na inflação, mas precisa melhorar em renda à população. Os preços dos itens de cesta básica, por exemplo, ainda são altos e comprometem o orçamento”, aponta o presidente da CDL Petrópolis, Cláudio Mohammad.
Os dados do indicador de recuperação de crédito mostram que nos 12 meses encerrados em abril de 2024 houve crescimento de 1,99% no número de consumidores que conseguiram sair das listas de negativados. A pesquisa mostra a evolução do número de consumidores que deixaram os cadastros de inadimplentes por terem realizado o pagamento das suas dívidas em atraso. São utilizadas as informações de saídas de CPFs das bases às quais o SPC Brasil tem acesso. Em conjunto com os dados de reincidência, esses dados permitem melhor monitoramento da inadimplência no país, que atinge cerca de 41,82% da população adulta.
“A quantidade de devedores por si só mostra que é preciso ação do poder público para melhorar a renda e manter preços estáveis e também uma mudança na cultura do brasileiro que não tem acesso à informação de planejamento financeiro, muitas vezes não se atenta para a cobrança de juros nos cartão de crédito e acaba em um ciclo sem fim de pagamento de débitos ou em boa parte dos casos, perde o acesso ao crédito”, aponta Cláudio Mohammad.
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Reincidência acontece, em média, após 2,6 meses do primeiro atraso
Muitos consumidores têm dificuldade em se manter fora dos cadastros de negativação. Dados da pesquisa CNDL e SPC Brasil apontam que em abril de 2024, do total de negativações, 84,52% foram de devedores reincidentes, isto é, que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses.
Considerando o universo de devedores reincidentes, 59,28% foram de consumidores que ainda não tinham pagado dívidas antigas até abril e 25,24% tinham saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas retornaram. O restante, 15,48%, não esteve com restrições no CPF ao longo dos últimos 12 meses e, por isso, não foram considerados reincidentes.
O indicador ainda revela que o tempo médio entre o vencimento de uma dívida para outra é de 77,5 dias, ou seja: depois de 2,6 meses (em média) de ficar inadimplente, o consumidor volta a atrasar o pagamento de uma segunda conta.
Os dados do indicador mostram que, nos últimos 12 meses encerrados em abril de 2024, houve uma queda de 6,07% no número de devedores reincidentes, aqueles que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes no período analisado. A comparação é com os 12 meses anteriores.
“Os números deixam claro questões como a vontade de sair da negativação e o esforço para isso e o vai e vem no cadastro. É um looping que consumidores e famílias vêm vivendo. É preciso uma união de esforços para modificar esse cenário, um problema que envolve a todos, agentes público e privados pelo caráter social, de qualidade de vida e para fazer girar a economia”, defende Cláudio Mohammad.